quinta-feira, 13 de novembro de 2008

Mulheres possíveis

Recebi por e-mail e vesti a carapuça até o pé e passo adiante .

"Eu não sirvo de exemplo para nada, mas, se você quer saber se isso é possível, me ofereço como piloto de testes.

Sou a Miss Imperfeita, muito prazer.

Uma imperfeita que faz tudo o que precisa fazer, como boa profissional, mãe e mulher que também sou: trabalho todos os dias, ganho minha grana, vou ao supermercado três vezes por semana, decido o cardápio das refeições, levo os filhos no colégio e busco, almoço com eles, estudo com eles, telefono para minha mãe todas as noites, procuro minhas amigas, namoro, viajo, vou ao cinema, pago minhas contas, respondo a toneladas de e-mails, faço revisões no dentista, mamografia, caminho meia hora diariamente, compro flores para casa, providencio os consertos domésticos, participo de eventos e reuniões ligados à minha profissão e ainda faço escova toda semana - e as unhas!

E, entre uma coisa e outra, leio livros.

Portanto, sou ocupada, mas não uma workaholic.

Por mais disciplinada e responsável que eu seja, aprendi duas coisinhas que operam milagres.

Primeiro: a dizer NÃO.

Segundo: a não sentir um pingo de culpa por dizer NÃO.

Culpa por nada, aliás.

Existe a Coca Zero, o Fome Zero, o Recruta Zero.

Pois inclua na sua lista a Culpa Zero.

Quando você nasceu, nenhum profeta adentrou a sala da maternidade e lhe apontou o dedo dizendo que a partir daquele momento você seria modelo para os outros.

Seu pai e sua mãe, acredite, não tiveram essa expectativa: tudo o que desejaram é que você não chorasse muito durante as madrugadas e mamasse direitinho.

Você não é Nossa Senhora.

Você é, humildemente, uma mulher.

E, se não aprender a delegar, a priorizar e a se divertir, bye-bye vida interessante.

Porque vida interessante não é ter a agenda lotada, não é ser sempre politicamente correta, não é topar qualquer projeto por dinheiro, não é atender a todos e criar para si a falsa impressão de ser indispensável.

É ter tempo.

Tempo para fazer nada.

Tempo para fazer tudo.

Tempo para dançar sozinha na sala.

Tempo para bisbilhotar uma loja de discos.

Tempo para sumir dois dias com seu amor.

Três dias.

Cinco dias!

Tempo para uma massagem.

Tempo para ver a novela.

Tempo para receber aquela sua amiga que é consultora de produtos de beleza.

Tempo para fazer um trabalho voluntário.

Tempo para procurar um abajur novo para seu quarto.

Tempo para conhecer outras pessoas.

Voltar a estudar.

Para engravidar.

Tempo para escrever um livro que você nem sabe se um dia será editado.

Tempo, principalmente, para descobrir que você pode ser perfeitamente organizada e profissional sem deixar de existir.

Porque nossa existência não é contabilizada por um relógio de ponto ou pela quantidade de memorandos virtuais que atolam nossa caixa postal.

Existir, a que será que se destina?

Destina-se a ter o tempo a favor, e não contra.

A mulher moderna anda muito antiga. Acredita que, se não for super, se não for mega, se não for uma executiva ISO 9000, não será bem avaliada.

Está tentando provar não-sei-o-quê para não-sei-quem.

Precisa respeitar o mosaico de si mesma, privilegiar cada pedacinho de si.

Se o trabalho é um pedação de sua vida, ótimo!

Nada é mais elegante, charmoso e inteligente do que ser independente.

Mulher que se sustenta fica muito mais sexy e muito mais livre para ir e vir.

Desde que lembre de separar alguns bons momentos da semana para usufruir essa independência, senão é escravidão, a mesma que nos mantinha trancafiadas em casa, espiando a vida pela janela.

Desacelerar tem um custo.

Talvez seja preciso esquecer a bolsa Prada, o hotel decorado pelo Philippe

Starck e o batom da M.A.C.

Mas, se você precisa vender a alma ao diabo para ter tudo isso, francamente, está precisando rever seus valores.

E descobrir que uma bolsa de palha, uma pousadinha rústica à beira-mar e o rosto lavado (ok, esqueça o rosto lavado) podem ser prazeres cinco estrelas e nos dar uma nova perspectiva sobre o que é, afinal, uma vida interessante".

Por Martha Medeiros - jornalista e escritora

quarta-feira, 5 de novembro de 2008

Não, palavra necessária

Recebi esse texto por e-mail, mas expressa muito do que penso em relação a filhos. Não concordo com o pensamento de que a criança pode escolher o que quer, até uma determinada idade somos nós, pais, que determinamos o que é melhor para a criança.
Por exemplo, chega a hora do almoço a criança não pode dizer se quer ou não comer, ou não quer comer determinado alimento, É a hora de almoçar e É preciso almoçar, também não é o caso de empurrar goela abaixo a comida, mas convencê-la e se for o caso impor a sua autoridade para que ela coma porque é bom pra ela.
Já vi situações onde a criança diz que não quer e pronto, a mãe deixa pra la. Momentos depois ela tem fome, claro, e ai vai querer iogurte, chocolate, salgadinho, o que não será bom pra essa criança no decorrer da sua vida uma alimentação falha e sem horários.
Bom, deixo o texto, que fala também do caso da Eloá, mas que para mim não importa se é Eloá, Paula, Maria, acho que engloba todos os pais de uma maneira geral, e no fundo um pouco dos adultos que também não sabem ou não aprenderam ainda a dizer NÃO.

*Criando um monstro *
(Karina dos Santos Cabral)

O que pode criar um monstro? O que leva um rapaz de 22 anos a estragar a própria vida e a vida de outras duas jovens por? Nada? Será que é índole? Talvez, a mídia? A influência da televisão? A situação social da violência? Traumas? Raiva contida? Deficiência social ou mental? Permissividade da sociedade?
O que faz alguém achar que pode comprar armas de fogo, entrar na casa de uma família, fazer reféns, assustar e desalojar vizinhos, ocupar a polícia por mais de 100 horas e atirar em duas pessoas inocentes?
O rapaz deu a resposta: 'ela não quis falar comigo'. A garota disse não, não quero mais falar com você. E o garoto, dizendo que ama, não aceitou um não. Seu desejo era mais importante.
Não quero ser mais um desses psicólogos de araque que infestam os programas vespertinos de televisão, que explicam tudo de maneira muito simplista e falam descontextualizadamente sobre a vida dos outros sem serem chamados. Mas ontem, enquanto não conseguia dormir pensando nesse absurdo todo, pensei que o não da menina Eloá foi o único. Faltaram muitos outros nãos nessa história toda.
Faltou um pai e uma mãe dizerem que a filha de 12 anos *NÃO* podia namorarum rapaz de 19.
Faltou uma outra mãe dizer que *NÃO* iria sucumbir ao medo e ir lá tirar o filho do tal apartamento a puxões de orelha.
Faltou outros pais dizerem que *NÃO* iriam atender ao pedido de um policial maluco de deixar a filha voltar para o cativeiro de onde, com sorte, já tinha escapado com vida.
Faltou a polícia dizer *NÃO* ao próprio planejamento errôneo de mandar a garota de volta pra lá.
Faltou o governo dizer *NÃO* ao sensacionalismo da imprensa em torno do caso, que permitiu que o tal sequestrador conversasse e chorasse compulsivamente em todos os programas deTV que o procuraram.
Simples assim. *NÃO*.
Pelo jeito, a única que disse não nessa história foi punida com uma bala na cabeça.
O mundo está carente de nãos.
*Vejo que cada vez mais os pais e professores morrem de medo de dizer não às crianças*.
Mulheres ainda têm medo de dizer não aos maridos ( e alguns maridos, temem dizer não às esposas ).
Pessoas têm medo de dizer não aos amigos.
Noras que não conseguem dizer não às sogras, chefes que não dizem não aos subordinados, gente que não consegue dizer não aos próprios desejos.
E assim são criados alguns monstros.

quinta-feira, 16 de outubro de 2008

Defeito

Ter defeitos não é o maior defeito.
O maior defeito é não tentar corrigir o que pode ser corrigido, o que pode ser emendado.

Quem não tem defeitos? Todos nós temos mas não gostamos de admitir porque é muito difícil corrigir em nós mesmos, muitas vezes, o nosso defeito que vemos no outro. É isso mesmo, geralmente achamos no outro um defeito que é nosso também, é como se olhar no espelho.

quinta-feira, 2 de outubro de 2008

Ceder

"O homem deveria ser tão flexível como o junco, mas tão duro como o cedro".

Escutei essa citação mas não sei a quem pertence, achei interessante e fiquei analisando até onde se pode ser flexível, até onde podemos ceder? O limite entre ser flexível e ser duro é muito tênue, quase nada. É como se deixar guiar pela razão ou pela emoção, não podemos ser nem muito um nem muito o outro.

quarta-feira, 1 de outubro de 2008

Vou-me Embora pra Pasárgada

Como o poeta eu fui embora pra "Pasárgada", achei a minha "Pasárgada", e você achou a sua? Se não achou não desista de procurar.


Manuel Bandeira

Vou-me embora pra Pasárgada
Lá sou amigo do rei
Lá tenho a mulher que eu quero
Na cama que escolherei

Vou-me embora pra Pasárgada
Vou-me embora pra Pasárgada
Aqui eu não sou feliz
Lá a existência é uma aventura
De tal modo inconseqüente
Que Joana a Louca de Espanha
Rainha e falsa demente
Vem a ser contraparente
Da nora que nunca tive

E como farei ginástica
Andarei de bicicleta
Montarei em burro brabo
Subirei no pau-de-sebo
Tomarei banhos de mar!
E quando estiver cansado
Deito na beira do rio
Mando chamar a mãe-d'água
Pra me contar as histórias
Que no tempo de eu menino
Rosa vinha me contar
Vou-me embora pra Pasárgada

Em Pasárgada tem tudo
É outra civilização
Tem um processo seguro
De impedir a concepção
Tem telefone automático
Tem alcalóide à vontade
Tem prostitutas bonitas
Para a gente namorar

E quando eu estiver mais triste
Mas triste de não ter jeito
Quando de noite me der
Vontade de me matar
— Lá sou amigo do rei
—Terei a mulher que eu quero
Na cama que escolherei
Vou-me embora pra Pasárgada.

segunda-feira, 29 de setembro de 2008

Oswaldo Montenegro - o mestre

Que a força do medo que tenho não me impeça de ver o que anseio.
Que a morte de tudo que eu acredito não me tape os ouvidos e a boca.
Porque metade de mim é o que eu grito, mas a outra metade é silêncio.
Que a música que eu ouço ao longe seja linda, ainda, que triste.
Que a mulher que eu amo seja sempre amada, mesmo que distante.
Porque metade de mim é partida e a outra metade é saudade.
Que as palavras que eu falo não sejam ouvidas como prece, nem repetidas com fervor,apenas respeitadas como a única coisa que resta a um homem inundado de sentimento.
Porque metade de mim é o que eu ouço, mas a outra metade é o que calo.
Que essa minha vontade de ir embora se transforme na calma e na paz que eu mereço.
Que essa tensão que me coroe por dentro seja um dia recompensada.
Porque metade de mim é o que eu penso e a outra metade é vulcão.
Que o medo da solidão se afaste, que o convívio comigo mesmo se torne ao menos suportável.
Que o espelho reflita em meu rosto o doce sorriso que eu me lembro de ter dado na infância.
Porque metade de mim é a lembrança do que eu fui, a outra metade eu não sei ...
Que não seja preciso mais do que uma simples alegria para me aquietar o espírito.
E que o teu silêncio me fale cada vez mais.
Porque metade de mim é abrigo, mas a outra metade é cansaço.
Que a arte nos apronte uma resposta, mesmo que ela não saiba.
E que ninguém a tente complicar porque é preciso simplicidade para fazê-la florescer.
Porque metade de mim é platéia e a outra metade, a canção.
E que a minha loucura seja perdoada.Porque metade de mim é amor e a outra metade também!

sexta-feira, 26 de setembro de 2008

Passatempo

Depois que vim morar no Sul tive mais tempo pra aprender a fazer coisas de que gostava. Aumentei a minha leitura e passei também a fazer alguns artesanatos. Na verdade artesã mesmo não sou mas consigo fazer algumas coisas de que gosto, em madeira, crochê, bordado, etc. Vou colocar aqui algumas coisas de que mais gostei de fazer, deixando a modéstia de lado, realmente ficou lindo.

Puxa saco de madeira, esse fiz pra minha filha usar na casa nova. Essa toalha acabei de fazer, demorou pra decidir que motivos usar, mas adorei o resultado final.
Esse quadro fiz pra dar de presente pro meu pai.


Essa índia quando vi não tive dúvidas, seria o quadro pra botar na minha sala. Demorou 4 meses pra ficar pronto mas valeu a pena cada pontinho.

segunda-feira, 22 de setembro de 2008

Mudanças

Sempre me considerei uma "cigana" por não conseguir ficar muito tempo no mesmo lugar ou fazendo a mesma coisa. Até no artesanato sou assim, não consigo repetir um trabalho. Em casa adoro mudar os móveis de lugar, desde solteira fazia isso e meu pai dizia que quando eu casasse avisaria ao meu marido pra botar rodinhas nos móveis. Continuo fazendo a mesma coisa, mudando os móveis de lugar, pelo menos de vez em quando (meu marido não é muito adepto a essas mudanças), então tento mudar menos as coisas.
Agora sinto que estou novamente na hora de mudar, dar uma virada na minha vida, uma virada de 180 graus, radical, mas com a idade aprendi a fazer as coisas com mais calma, então, essa mudança que virá, deve acontecer no início de 2009, e quando acontecer relato aqui.

segunda-feira, 28 de julho de 2008

Vida - decisões

Faz um tempinho que não escrevo nada, mas pra mim, escrever é inspiração, não estou conseguindo organizar meu tempo, e como tenho mania de fazer mil coisas ao mesmo tempo, tem coisa sendo deixada de lado e a inspiração está faltando.
De tempos em tempos fico revendo minha vida, o que fiz, decisões tomadas, se tivesse decidido diferente como seria. Enfim, gosto de pesar pra ver se fiz certo. E chego a conclusão que ninguém toma todas as decisões certas, mas tem algumas que quando tomadas de forma errada tem conserto, algumas decisões que tomei e que não deram como eu esperava não sei como consertar. Quando era mais nova não tinha medo de mudar o rumo de minha vida, depois vieram os filhos e toda decisão tomada girava em torno deles, agora são crescidos, mas não consigo mudar o modo de tomar as decisões, tenho receio de mudar de novo o rumo da vida, dar uma guinada.
Sou uma pessoa de mudanças, gosto de mudanças, sou como camaleão, gosto de mudar de cara, mudar móveis de lugar, fazer coisas diferentes, isso me satisfaz, me dá energia. Faz tempo que estou parada, isso não está me fazendo bem. Me sinto estacionada, estagnada, incapaz e inútil, como se fosse uma deficiente que precisa de alguém pra dizer o que fazer e como fazer.
Vamos ver até quando vou conseguir viver assim.

sexta-feira, 18 de julho de 2008

Filhos


Tive meus filhos muito cedo, foi um sufoco, mas a melhor coisa que me aconteceu. Eles sempre foram a razão pela qual sempre segui e sigo em frente a despeito de tudo.
Apesar de amá-los muito sei que uma hora eles vão partir seguir em frente com suas vidas, continuar o ciclo, vou sentir falta mas não procuro prendê-los comigo, também um dia fiz isso, segui em frente.

Amizade

Esta música do Oswaldo, de quem sou fã, me faz lembrar dos amigos que deixei em Brasília, muitos já perdi o contato, nem sei mais onde achar. Mesmo fazendo outras amizades aqui onde estou morando agora, parece que não são iguais, talvez a idade faça mudar esse tipo de coisa.
Mas aqui quero fazer uma homenagem a amizade, aos amigos antigos e novos, porque sem amigos ninguém vive.

A Lista (Oswaldo Montenegro)

Faça uma lista de grandes amigos
Quem você mais via há dez anos atrás
Quantos você ainda vê todo dia
Quantos você já não encontra mais
Faça uma lista dos sonhos que tinha
Quantos você desistiu de sonhar
Quantos amores jurados pra sempre
Quantos você conseguiu preservar
Onde você ainda se reconhece
Na foto passada ou no espelho de agora
Hoje é do jeito que achou que seria?
Quantos amigos você jogou fora
Quantos mistérios que você sondava
Quantos você conseguiu entender?
Quantos defeitos sanados com o tempo
Eram o melhor que havia em você
Quantas mentiras você condenava
Quantas você teve que cometer
Quantas canções que você não cantava
Hoje assobia pra sobreviver
Quantos segredos que você guardava
Hoje são bobos ninguém quer saber
Quantas pessoas que você amava
Hoje acredita que amam você

terça-feira, 15 de julho de 2008

Deus - fé - religião

Como já disse, leio muito, e quando encontro textos que traduzem também o meu pensamento gosto de guardar e de passar adiante. Enfim, eis mais um texto que traduz também a minha visão de Deus.

Sou de uma família tradicionalmente católica desde sempre, mas desde pequena contestava o que me diziam, depois de muito andar procurando algo que me completasse realmente desisti, não de Deus, mas de religião.

Hoje não tenho religião, acredito em Deus, um poder superior que nos guia, uma presença constante em cada pedacinho de nosso planeta, em cada momento de nossa vida. Rezo, ou converso com Deus, a qualquer hora e em qualquer lugar.

Lendo o livro "O Senhor de Sándara" , de Carlos Bernardo González Pecotche (Raumsol) encontrei esse trecho onde traduz também o meu modo de pensar.

... se a Criação que nos rodeia e da qual formamos parte não é por si mesma, suficientemente eloqüente para persuadir o homem de que a existência de Deus é inegável, muito menos poderá ser a palavra de um semelhante, por mais que se empenhe em demonstra-lo. Feito este esclarecimento, entremos de cheio no assunto.
Quando se afirma que Deus existe, é absolutamente necessário acompanhar tal afirmação com uma proposição desvinculada de qualquer idéia que o limite ou impeça de concebê-lo em sua imensidão, onipotência e infinidade. Partindo da base de que a Causa Primeira é Deus e não tendo ao nosso alcance nenhum ser visível a quem se possa atribuir o ato da Criação Universal, é lógico que a reconheçamos Deus como Supremo Criador; mas a capacidade para considerar sua existência depende dessa existência em si, senão da medida em que cada ser humano a reconheça, a sinta e a palpe individualmente.
Há duas coisas que são, sem dúvida alguma, inseparáveis, porquanto constituem uma mesma e absoluta verdade: a Criação e seu Criador. Uma pressupõe a presença da outra, com toda certeza; de maneira que se a Criação existe, o que nos consta porque a vemos, a palpamos e dentro dela vivemos, é impossível por em dúvida a existência de Quem, havendo-a concebido primeiro, plasmou-a depois em suprema realidade, ditando ao mesmo tempo, as leis que mantêm seu equilíbrio e velam por sua conservação eterna. A existência de Deus, prova-se pela própria existência de tudo o que nos rodeia e por nossa própria existência e, sobretudo, pela prerrogativa que nos foi concedida de formular essa pergunta e também de respondê-la, para nós mesmos, servindo-nos do conhecimento que se adquire através do estudo, da observação e da experiência conscientemente realizados no viver diário.
Deus, em razão de sua inabarcável dimensão cósmica, não pode ser limitado; mas, sendo isso tão fácil de compreender, nem sempre foi tido em conta pelo homem. É um fato certo, apesar do paradoxo, que este pretendeu fazer Deus à sua imagem e semelhança, sem medir, provavelmente, as proporções nem as conseqüências de tamanho sacrilégio. Não devemos esquecer que as crenças lançaram suas raízes na ignorância das tribos primitivas. Em plena incipiência mental, carente de entendimento, cada tribo adorava os deus dos quais se apropriava. Com o passar do tempo e o desenvolvimento humano, mas sempre num clima de ignorância e de ingênua credulidade, fizeram outro tanto as religiões, as quais levaram suas crenças à convicção de que Deus lhes pertencia, por assim haver determinado seus sustentadores. E não somente isso, senão que cada seita o ia conformando segundo as conveniências e as exigências de seus respectivos dogma, apresentando-o velado, naturalmente, pelos chamados “mistérios”.
As crenças paralisam a nobre função de pensar. Ditosos os olhos do entendimento não contaminado, que diferentemente dos que ficaram cegos pela fé dogmática, podem nutrir sua vida com os ensinamentos espalhados por Deus na Criação! O dogma pôde ser útil aos homens nas épocas de barbárie, de atraso moral, intelectual e espiritual, porém não nestes tempos que estão marcados os câmbios mais surpreendentes em quase todas as ordens do viver humano. Pura e simplesmente, o dogma é hoje um contra-senso; insistir em sua manutenção é pretender fechar os olhos daqueles que conseguiram ultrapassar o obscurantismo espiritual em que a humanidade ainda está imersa. O homem ama a verdade, anseia por ela, mas para não ser envolvido pelo engano, deve buscá-la com sua razão e essa razão deve ser unanimemente respeitada. Não se pode pretender, atribuindo à fé cega virtudes que ela não tem, excluir das possibilidades humanas as funções de discernir e de julgar, e submeter o homem, sem prévia discriminação de sua parte, ao acatamento de fórmulas que adulteram a verdade.

O tempo

Gosto muito de ler, e sempre encontro algo com que me identifico, coisas que gostaria de dizer e não sei como, mas o autor do livro traduziu exemplarmente. Aqui está um exemplo de uma de minhas autoras preferidas - Agatha Christie - sábias palavras.

"Em meu entender, a vida consiste em três partes: o absorvente e habitualmente agradável presente, que corre minuto a minuto com velocidade fatal; o futuro, obscuro e incerto, quanto ao qual podemos fazer inúmeros planos interessantes, e se insólitos e improváveis tanto melhor, visto que - como nada virá a ser como esperávamos que fosse - ao menos nos divertimos enquanto planejávamos; e a terceira parte, o passado, as recordações e as realidades que são os alicerces da vida presente e que nos surgem de repente, trazidas por um perfume, pela forma de uma colina, qualquer canção antiga, trivialidades que nos fazem de súbito murmurar "Eu me lembro..." com um peculiar e quase inexplicável prazer.
Esta é uma das compensações que a idade nos dá e, certamente muito agradável: recordar."

segunda-feira, 14 de julho de 2008

Respeito

Respeito é uma atitude bilateral, não se pode exigir respeito se você não respeita. Muita gente acha que deve ser respeitada porque é mais velha, porque é chefe, porque é rico, porque tem mais experiência, mas falta um pedaço nisso ai. O mais novo, o empregado, o pobre, o novato também merecem respeito.
Se todos agissem com respeito o mundo seria diferente, muito diferente.